Escola Municipal Hermenegildo B. de
Oliveira – 8º ano
Série: 8º ano do vespertino
– Aula: 07
Professor: Itamiram Alves
(Iram)
Data: 24/07/2020
Carga horária: 03 aulas
O capitalismo é um
sistema econômico baseado na propriedade privada, na acumulação de capital e na
procura pelo lucro. A obtenção do lucro e a acumulação do capital dentro
do capitalismo dão-se por meio da posse privada dos meios de produção, que pode
manifestar-se pela posse da terra ou de grandes instalações que permitam a
produção de certa mercadoria.
Origem do Capitalislismo
Trata-se de um processo que durou por vários séculos. Alguns historiadores consideram que o desenvolvimento do capitalismo iniciou-se de maneira embrionária e gradual com a desintegração do feudalismo, nos séculos XIV e XV, no período de transição da Idade Média para a Idade Moderna.
Embora, mesmo com o fim do feudalismo, a sociedade europeia tenha prosseguido como rural, e a economia, majoritariamente agrária e dependente do trabalho dos camponeses, novas formas de organização econômica e social deram início a transformações significativas. Esse momento embrionário do capital ficou conhecido na teoria marxista como “acumulação primitiva do capital”.
Essa acumulação foi, portanto, todo o período que se estendeu do desmonte do modo de produção feudal até a ascensão da indústria. Nisso, o surgimento de novas práticas econômicas e sociais levou ao desenvolvimento de práticas econômicas mercantis e ao aparecimento de um novo grupo social — os burgueses.
A sua estabilização e a sua acumulação de capital durante séculos permitiram a esse grupo investir no capitalismo industrial — fase considerada como a solidificação, de fato, do capitalismo enquanto sistema econômico. Isso levou a profundas transformações também no campo político e social. A fase da acumulação primitiva do capital, chamada por muitos de capitalismo comercial, teve fim com o início da Revolução Industrial, no final do século XVIII.
Revolução Industrial
A Revolução Industrial foi o período de grande desenvolvimento econômico que resultou no surgimento da indústria. Ela aconteceu de maneira pioneira na Inglaterra, por uma junção de fatores, os quais destacaremos a seguir.
Primeiramente podemos
considerar que, na Inglaterra, houve uma prosperidade considerável da classe
mercantil, fazendo com que a acumulação de capital ali fosse acentuada. Outro
fator importante foi que o desenvolvimento
mercantil inglês, aliado ao desenvolvimento do país como
potência colonial, garantiu o aprimoramento da manufatura, etapa embrionária da
indústria.
A consolidação do trabalho assalariado ali
criou, ainda que precariamente, um corpo de pessoas com condições para absorver
mercadorias produzidas dentro de um processo industrial. A grande quantidade de mão de obra foi
outro fator relevante, sendo que essa disponibilidade deu-se pelo aumento na
produção agrícola, que garantiu um crescimento populacional.
Grande parte dessa população
vivia nas terras comuns, de uso comum na
Inglaterra, que reproduziam, em parte, algumas características do feudalismo,
mas que davam certa liberdade aos camponeses, uma vez que eles não ficavam
atados a um sistema de servidão. A tomada dessas terras dos camponeses, por
meio dos cercamentos, fez com que uma multidão tivesse que abandonar o campo e,
como única forma de sobrevivência, vendesse
sua força de trabalho.
A disponibilidade de
trabalhadores garantia, assim, a mão de obra barata para que as indústrias
pudessem crescer. A permanência de uma grande quantidade de pessoas
desempregadas era outro mecanismo fundamental dentro desse processo, pois a
existência desse grupo tinha como função pressionar o valor dos salários para baixo.
Assim, o dono do capital conseguia maximar o seu lucro.
Com a Revolução Industrial,
as máquinas ganharam
importância fundamental, uma vez que garantiram o aumento da
produção. Além disso, as transformações nas relações sociais foram visíveis,
pois se estabeleceu uma polarização
entre burgueses e proletários (trabalhadores
despossuídos). Estes acabaram subordinando-se àqueles, uma vez que necessitavam
do emprego para sobreviver e não detinham nenhum meio de produção.
Como mencionado, a indústria
inglesa desenvolveu-se com o financiamento dos burgueses enriquecidos com o
capitalismo comercial. A primeira modalidade que apareceu com a Revolução
Industrial foi a indústria têxtil. A produção dela
se dava por máquinas com capacidade de tecer vários fios de uma só vez.
Assim, à medida que essa
área prosperou, outras atividades começaram a surgir na Inglaterra. Houve
também desenvolvimento considerável nos deslocamentos a partir do surgimento
das estradas de ferro.
Outras modalidades industriais nasceram para atender as demandas dessa área.
Do final do século XVIII até
o final da década de 1840, houve certo crescimento. Entretanto, o historiador
Eric Hobsbawm considera que a década
de 1850 é que garantiu a presença do capitalismo, uma vez
que ela vivenciou um significativo salto na produção industrial. Hobsbawm
também fala que foi quando o capitalismo deixou de ser um sistema recluso ao
contexto inglês e expandiu-se internacionalmente|1|.
Essa expansão é expressa
pelos números trazidos pelo historiador|2|:
·
A produção de produtos de algodão entre 1850 e 1860 foi de 1.300
milhões de jardas, enquanto que, de 1820 a 1850, a mesma produção foi de 1.100
milhões de jardas, isto é, a produção da década de 1850 foi superior a tudo que
tinha sido produzido nas três décadas anteriores.
·
O número de máquinas de algodão cresceu em 200 mil na década de
1850.
·
A Bélgica dobrou sua produção de ferro entre 1851 e 1857.
·
Entre 1851 e 1857, surgiram 115 companhias de ações na Prússia.
Até essa década, existiam 67 companhias do tipo na região.
·
O comércio
mundial aumentou 260% no período de 1850 a 1870.
Outro indício, demonstrado
por Hobsbawm, que aponta a consolidação e internacionalização do capitalismo no
continente europeu, foi a adoção, em grande medida, da economia de livre mercado, que deu forte incentivo à
expansão da indústria.
Além disso, algumas legislações que remontavam ao período
feudal e mercantilista, como a que garantia a existência
das guildas (corporações que aglomeravam e disponham trabalhadores
manufatureiros), tiveram
fim, e leis contra a usura (acumulação de dinheiro/capital)
foram revogadas|3|.
Saiba mais: Principais acontecimentos relativos à
Segunda Revolução Industrial
Características do capitalismo
Entre as principais características do capitalismo, estão:
·
Defesa da propriedade privada: o sistema capitalista preconiza
que o Estado deve garantir o direito de propriedade privada a todos. O
desenvolvimento do capitalismo só acontece quando os detentores do meio de
produção têm a garantia da posse privada, sendo assim, eles somente são
detentores dos meios de produção porque possuem a garantia da posse de suas
propriedades e de outros bens que estão inseridos nela.
·
Procura pelo lucro: o capitalismo é um sistema que prima pela garantia do lucro.
Sendo assim, o objetivo de todo aquele que detém o capital e os meios de
produção é obter a maior quantidade de lucro possível por meio de sua atividade
econômica.
·
Trabalho assalariado: se o detentor dos meios de produção busca o lucro dentro do
capitalismo, ele só vai obtê-lo se conseguir explorar a mão de obra daqueles
que não possuem nada além da sua força de trabalho. Sendo assim, os que nada
detêm venderão sua própria força para receber uma compensação financeira que os
permita sobreviverem. É por meio desse trabalho assalariado que os
trabalhadores terão condições de consumir as mercadorias produzidas pelo
capitalismo.
Críticas ao capitalismo
O capitalismo é o sistema econômico majoritário no mundo atual.
Ainda assim, ele recebe algumas críticas, sobretudo por dois aspectos: a
existência de crises que afetam a economia de tempos em tempos e o quadro de
desigualdade social que ele ajudou a concretizar.
·
Desigualdade
social
Uma das maiores
críticas ao capitalismo diz sobre o fato de que um número muito pequeno de
pessoas detém grande parte da riqueza do mundo.
Críticas recentes têm
demonstrado que a desigualdade social dentro do capitalismo está fora de
controle e é considerada uma das grandes ameaças ao progresso social. Um estudo
de 2019 demonstrou que 2153
bilionários possuem uma riqueza que corresponde ao que 60% da população do
planeta possuem|4|.
O Brasil não é exceção a
esse quadro, uma vez que é
o sétimo país mais desigual do mundo. Ele fica atrás apenas de
seis nações africanas: África do Sul, Namíbia, Zâmbia, República
Centro-Africana, Lesoto e Moçambique. Além disso, a concentração de renda aqui é a segunda
pior do mundo, ficando atrás somente da de Catar. No Brasil, 1%
da população concentra cerca de 28,3% de toda a riqueza do país. Caso queira
saber mais desse mal que assola todo o planeta, leia nosso texto: Desigualdade social.
Crise econômica
A evolução econômica no
capitalismo ficou marcada historicamente por ciclos de recessão econômica
que geraram incertezas e levaram muitas pessoas ao desemprego e, em casos mais
extremos, a perderem tudo o que possuíam.
Na teoria marxista, entende-se que a crise é algo imanente do
capitalismo e que períodos de grande prosperidade,
obrigatoriamente, serão sucedidos por períodos de retração econômica. Na
história, a grande crise econômica foi a que aconteceu em 1929 e ficou
conhecida como Grande Depressão. A crise econômica mais
recente que atingiu o mundo foi a de 2008.
Exercício
Nome
completo:________________________________________________
Série: 8º ano Data de entrega: 24/07/2020
1) Por que a economia de
mercado é a essência do funcionamento do capitalismo?
2) Descreva sobre a origem do
capitalismo.
3) Cite as principais
características do capitalismo.
4) Um dos maiores problemas do
capitalismo é a desigualdade social. Comente a respeito, citando o caso
brasileiro.
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